E lá vem ele de novo – Banksy, o famoso e polêmico artista britânico, com seus grafites carregados de críticas políticas e sociais. Desta vez, o alvo da sua obra foi o drama dos migrantes do Oriente Médio.
Mais especificamente dos que vivem num antigo depósito de lixo em Calais, cidade francesa que fica perto da fronteira com o Reino Unido, e é atualmente um dos maiores e mais perigosos campos de refugiados na Europa, também conhecido como “A Selva”.
Em um dos quatro grafites, que foi pintado logo na entrada de Calais e é provavelmente o mais emblemático da série, Banksy retrata Steve Jobs com um Macintosh antigo em uma das mãos e uma sacola preta na outra. A ideia do artista é lembrar que Jobs foi filho de um imigrante sírio, que se mudou com a família para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
“Somos muitas vezes levados a acreditar que a migração drena os recursos de um país, mas Steve Jobs era filho de um sírio. A Apple é a empresa mais rentável do mundo, paga mais de 7 bilhões de euros em impostos todos os ano – e isso é só porque deixaram um jovem vindo de Homs entrar”, disse Banksy em uma das raríssimas explicações às suas obras.
Em outra obra, o artista faz uma interpretação própria de Le Radeau de la Méduse, famosa pintura de Theodore Gericault (1791-1824), onde grafitou a mesma cena do naufrágio mas acrescentando ao fundo um iate luxuoso, retratando uma cena bem comum nos mares do Mediterrâneo e Egeu, principais rotas de fuga dos migrantes.
“Não estamos todos no mesmo barco”, escreveu o artista em seu site.
As outras duas obras que completam a série em Calais:
“Maybe this whole situation will just sort itself out.”
O olhar à tão desejada Inglaterra, que fica apenas a 30km do campo dos refugiados.
Não é a primeira vez que Banksy intervém na causa dos migrantes. Após encerrar as atividades de Dismaland, seu próprio parque temático criado no interior da Inglaterra, o artista enviou todas as madeiras utilizadas nas obras e mais alguns materiais para a construção de abrigos de emergência e de um playground improvisado na Selva.
Dismaland virou Dismal Aid.
Todas as imagens: Divulgação.