Às vezes o que os olhos não veem o coração sente violentamente, batendo rápido, encurtando nossa respiração e embaralhando nossos pensamentos. Tendo convivido com sua própria intensa ansiedade desde os 11 anos até os seus 20 e poucos anos de idade, a fotógrafa Steph Wilson resolveu tornar visível aquilo que, justamente por não poder ser visto com clareza como tantos outros sintomas, é tratado como uma questão menor ou desimportante.
Encarnar a ansiedade em imagens foi, portanto, a missão a que Steph se propôs nesse ensaio.
“As pessoas preocupam-se em soar excessivamente dramáticas ou carentes quando falam sobre isso, mas quanto mais normalizado e banal, menos as pessoas vão sofrer. É como qualquer tabu: quanto mais se falar, mais mundano se torna, e assim, por definição, deixa de ser tabu”, afirma a fotógrafa, que tratou o ensaio como uma catarse pessoal, assim como um meio de ajudar na relação de quem sofre de ansiedade com os sintomas muitas vezes abstratos dessa condição.
Privação do sono, motivos para sair de casa (como passear com um cachorro), a relação com remédios, os ataques de pânico, o desejo de arranhar os próprios braços, claustrofobia, a sensação de viver pisando em ovos, de voltar a ser criança, de inabilidade para as coisas mais simples, tudo isso está retratado nas fotos de Steph.
O ensaio revelou-se para ela, como um espelho – algo que a formou e a define e que, portanto, a trouxe até onde ela está e, ao mesmo tempo, algo que a assombra e que ela não deseja jamais reviver. “As fotos foram um pouco como um ‘obrigado’ e um ‘adeus’”.
Todas as fotos © Steph Wilson
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.
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