O que são estes blocos de gelo na Antártida?

Nós costumamos imaginar a Antártida como um grande deserto de gelo, mas o continente frio possui formações naturais tão incríveis quanto todos os outros. A imagem acima, intitulada “Icy Sugar Cubes” (algo como ‘cubos de açúcar gelados’), foi tirada na Antártida em 1995, em um voo sobre a costa inglesa na península da Antártida do Sul.

O British Antarctic Survey, organização responsável pelas pesquisas britânicas no continente gelado, digitalizou recentemente a foto e ganhou o prêmio geral na competição de fotografia científica anual da Royal Society em 2017 (veja os outros vencedores aqui). Mas como essas enormes formações retangulares apareceram na paisagem do continente?

De acordo com Ted Scambos, glaciologista e cientista principal da equipe de ciência do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA, a foto parece representar uma área de “gelo de fluxo rápido e flutuante”, em entrevista ao portal Live Science.

O que faz as formações aparecerem são os constantes movimentos das massas de gelo, que estão sempre fluindo e esbarrando umas nas outras. “Uma enorme placa de gelo começa a flutuar”, diz Scambos, “e, inicialmente, porque ela é muito espessa, ela se espalha lateralmente [de lado a lado], criando profundas covas de fluxo. Mais tarde, com mais fluxo, o gelo começa a esticar longitudinalmente, e a superfície da neve se rompe perpendicularmente às primeiras calhas”, explica.

É como se o gelo procurasse por onde seguir seu caminho. Ao fazer isso e esbarrar em outras placas, ele acaba formando estes caminhos entre os blocos que são vistos na imagem. Primeiro, as fendas aparecem paralelamente ao movimento para a frente do gelo, criando uma série de fendas horizontais. Mais tarde, outra série de rachaduras aparece perpendicular à direção do fluxo de gelo, completando a grade estranhamente regular.

A imagem oferece pistas que podem ajudar a sabermos em que direção o gelo estava fluindo. “As calhas que correm mais perpendiculares à aeronave são um pouco mais antigas, mais cheias de neve – eu acho que elas são paralelas à direção do fluxo”, aponta Scambos. A explicação é que estas aberturas existem a mais tempo, portanto mais tempestades de neve passaram por elas, preenchendo-as.

“Os cortes mais acentuados que fazem os blocos, mais na direção do voo do avião, são mais novos”, acredita o pesquisador. Ou seja, o gelo provavelmente fluía ao longo dos caminhos mais rasos, e os cortes mais profundos e retos apareceram mais recentemente.

Quantos segredos como esse o continente gelado ainda esconde?

fonte:[via] [Live Science]

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