Duas tabuletas de argila encontradas há mais de 30 anos no Iraque mas analisadas recentemente permitiram a decodificaç uma língua perdida, falada pelo povo amorreu, também conhecido como amorita. Com quase 4 mil anos, as tábuas trazem frases traduzidas para a língua acadiana, que permite a compreensão por estudiosos contemporâneos, do idioma.
O povo amorreu fundou reino na Mesopotâmia, território atual iraquiano, vindo de Canaã, onde hoje se localiza a região do Estado de Israel e da Faixa de Gaza.
Uma das duas tabuletas de argila encontradas no Iraque que permitiram a tradução do idioma
Publicada na revista científica Revue d’assyriologie et d’archéologie orientale, a descoberta vem sendo comparada à Pedra de Roseta, famoso artefato encontrado no Egito no final do século 18. A Pedra de Roseta permitiu a decodificação das antigas escritas egípcias de hieróglifos e demóticos, por trazer a mesma mensagem escrita nos dois idiomas e no grego antigo.
A pesquisa recente foi assinada por Manfred Krebernik, professor na Universidade de Jena, na Alemanha, e Andrew R. George, docente da Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres.
As tabuletas trazem inscrições diversas, incluindo versos e receitas no idioma amorreu
As tabuletas iraquianas foram encontradas durante a Guerra Irã-Iraque, ocorrida entre 1980 a 1988, mas acabaram deixando o país em uma coleção para os EUA e, por isso, até recentemente pouco se sabia sobre as peças. “Nosso conhecimento do amorreu era tão lamentável que alguns especialistas duvidaram que tal linguagem existisse”, afirmaram os autores ao site Live Science.
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“As tabuletas resolvem essa questão mostrando que a linguagem é articulada de maneira coerente e previsível e totalmente distinta do acadiano”, explicam.
A Pedra de Roseta, que permitiu a decodificação das antigas escritas egípcias
A dupla de pesquisadores começou o estudo em 2016, e identificou que o antigo idioma é parte da família das línguas semíticas ocidentais: as tabuletas contêm palavras e frases completas, detalhando um vocabulário e uma gramática até então inéditas.
De acordo com a pesquisa, os artefatos trazem uma espécie de guia para falantes arcadianos que desejassem aprender o idioma amorreu, bem como uma lista comparando deuses amorreus com os deuses mesopotâmicos equivalentes, e até passagens sobre o preparo de refeições, sobre sacrifícios, e um trecho que pode trazer até mesmo versos de amor.
Outras tabuletas de argila com inscritos amorreus expostas no Museu do Louvre, em Paris
O próximo aniversário de um simpático cão de nome Bobi acaba de ganhar novos e impressionantes motivos para a celebração: com 30 anos de idade e em vias de completar 31, o animal da raça Rafeiro do Alentejo foi reconhecido não somente como o cachorro mais velho do mundo, mas também o mais velho de todos os tempos, de acordo o Guinness.
Nascido em 11 de maio de 1992, e vivendo na vila de Conqueiros, na região de Leiria, distrito ao centro de Portugal, Bobi é o cachorro com a maior idade já registrada nos anais da historia veterinária – que curiosamente quase foi condenado ao nascer.
Em vias de completar 31 anos, Bobi posou orgulhoso ao lado de seu recorde reconhecido
Duas semanas antes do recorde de Bobi ser reconhecido pelo Livro dos Recordes, porém, o marco de cão mais velho do mundo havia sido concedido a um chihuahua chamado Spike, que vive nos EUA com 23 anos. A confirmação da idade do cachorro português, porém – que teve seu nascimento registrado em 1992 no Serviço Medico-Veterinário do Município de Leiria e verificada por bancos de dados veterinários do governo de Portugal – superou em muito a já incrível longevidade de Spike.
Bobi em 1999, quando “já” tinha 7 anos de idade
Ao nascer, Bobi quase foi condenado pelos pais da família Costa, com quem vive há três décadas
Bobi nasceu em uma ninhada de quatro filhotes, mas, como a casa dos Costa já possuía diversos animais, a decisão dos pais foi de abandonar os pequenos à sorte, dentro de um buraco, prática que, segundo Leonel Costa, um dos filhos da família, era normal à época.
Ele e seus irmãos, no entanto, ao descobrirem que um dos filhotes havia saído do buraco e continuava próximo à casa, decidiram adotá-lo. “Eu confesso que, quando meus pais descobriram, eles gritaram e nos colocaram de castigo, mas valeu à pena, foi por um bom motivo”, explicou Leonel.
Bobi em 2016: com o passar dos anos, o cão perdeu parte da visão e da energia que antes possuía
Calmo e sociável, Bobi nunca foi preso a uma coleira na vida, e sempre se aventurou livremente pelas florestas da região. Com a idade, porém, ele hoje caminha com mais dificuldade, já não enxerga tão bem, e prefere cochilar após as refeições, compostas pelo mesmo cardápio que a família come.
Ao ser reconhecido como o cachorro mais velho já registrado, Bobi derrubou um recorde que se mantinha intacto há quase cinquenta anos: antes dele, o cão mais idoso da história era Bluey, um boiadeiro-australiano que viveu 29 anos e 5 meses, entre 1910 e 1939.
O cão mais velho do mundo ao lado de seu amigo, um gato conhecido como Ceguinho
Leonel afirma que jamais imaginou que seu melhor amigo pudesse ser o cachorro mais velho do mundo, e menos ainda da história. Ele, porém, pertence a uma linhagem de animais longevos.
Sua mãe, Gira, viveu até os 18 anos, e um de seus irmãos, Chicote, até os 22. “Bobi é especial pois ele nos lembra as pessoas que fizeram parte de nossa família e infelizmente não estão mais aqui, como meu pai, meu irmão e meus avós, que já deixaram esse mundo. Bobi representa essas gerações”, afirmou Leonel ao site do Livro dos Recordes.
Bobi em foto mais recente, tirada em 2023: em 11 de maio o cão irá completar 31 anos de idade
O mercado é pequeno, mas é altamente lucrativo, com os cálculos biliares bovinos chegando a custar a até R$ 200 mil.
As pedras de fel têm valor para produção de remédios contra doenças do fígado, serve de matéria-prima para cremes e loções hidrantes e ainda podem ser usadas como emulsificantes na indústria alimentícia. Elas também podem são utilizadas tradicionalmente para induzir a formação de pérolas em ostras.
Os cálculos biliares bovinos também são valorizados na medicina tradicional chinesa, onde são utilizadas em combinação com ervas para aliviar a dor, reduzir a inflamação, melhorar a circulação sanguínea, servindo no tratamento de diversas doenças. De acordo com a tradição da China, o produto ajuda a aumentar a energia vital do corpo.
Mas afinal, o que são pedras de fel?
As pedras de fel são produzidos pelo desequilíbrio no fígado dos bovinos.(Fonte: GettyImages/Reprodução)
As pedras de fel são formadas a partir do acúmulo de substâncias no interior da vesícula biliar dos bovinos. A bile é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar antes de ser liberada no intestino delgado para ajudar na digestão de gorduras. No entanto, quando a bile contém uma quantidade excessiva de colesterol, pode ocorrer a formação de cristais.
Normalmente, esses cristais são dissolvidos pela bile e eliminados do corpo do animal sem causar problemas. Porém, em algumas situações, como quando há uma diminuição na produção de bile ou um acúmulo de substâncias biliares, os cristais podem se unir e formar os cálculos biliares, que são massas semelhantes a pedras.
Os cálculos biliares bovinos podem variar em tamanho e cor, desde pequenos grãos até pedras do tamanho de uma bola de golfe. As cores também podem variar, desde amarelo pálido até verde escuro. Os bois mais velhos, com dietas ricas em carboidratos e pobre em fibras, têm uma maior predisposição à formação de pedras biliares do que outros animais.
Por que as pedras de fel são tão caras?
A produção tradicional de pérolas usa cálculos biliares bovinos. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
As pedras de fel são muito valorizadas por serem raras e difíceis de obter. Além disso, há uma grande demanda por elas na indústria farmacêutica, onde são usadas para a produção de medicamentos para o tratamento de doenças hepáticas, além de serem usadas na medicina tradicional chinesa.
Outro fator que contribui para o alto valor dos cálculos biliares bovinos é o fato de que a extração dessas pedras é um processo complexo e delicado, que envolve uma série de cuidados e precauções para garantir a segurança e o bem-estar dos animais.
Alguns criadores de gado, especialmente na Ásia, são conhecidos por cuidar especialmente bem de seus animais para garantir a qualidade e a quantidade de suas pedras de fel. Há também muita especulação e crenças populares em torno do valor das pedras de fel, o que pode contribuir para a sua valorização no mercado.
Mais de 2.000 cabeças de carneiro mumificadas que datam da dinastia ptolomaica foram descobertas no Templo de Ramsés II em Abydos, sul do Egito, anunciaram as autoridades no dia 26 de março deste ano . Outros animais mumificados, vestígios de um palácio e outros objetos também foram descobertos.
Múmias de ovelhas, cães, cabras, vacas, gazelas e mangustos também foram exumadas por uma equipe de arqueólogos da Universidade de Nova York nessa área conhecida por seus templos e necrópoles, anunciou o Ministério de Antiguidades e Turismo.
Segundo o diretor do Conselho Supremo de Antiguidades, Mostafa Waziri, as descobertas permitirão conhecer melhor o templo de Ramsés II e as atividades que decorreram entre a sua construção – durante a 6ª dinastia do Antigo Império (entre 2.374 e 2.140 a.C.) – e o período ptolomaico (323 a 30 a.C.).
Para o professor Sameh Iskandar, chefe da missão americana e citado no mesmo comunicado, as cabeças de carneiro são “oferendas”, que indicam “um culto a Ramsés II” celebrado séculos após a sua morte.
Além dos restos de animais mumificados, a equipe descobriu vestígios de um palácio com paredes de cerca de cinco metros de espessura, datado da 6ª dinastia, bem como várias estátuas, papiros, restos de árvores centenárias, roupas e sapatos de couro.
O local de Abydos, a 550 km ao sul do Cairo, é conhecido por seus templos, em particular o de Seti I e suas necrópoles.
As autoridades egípcias anunciam regularmente descobertas arqueológicas nos últimos tempos, qualificadas por alguns especialistas como efeitos de anúncio que têm um alcance político e econômico e não científico.
Mais de 85 metros abaixo das famosas chaminés de fada da Capadócia, encontra-se uma enorme cidade subterrânea que esteve em uso quase constante por milhares de anos. Encostas em tons de rosa e amarelo colorem a paisagem ondulante marcada por desfiladeiros vermelhos profundos, e formações rochosas com chaminés à distância. Milênios atrás, esse ambiente volátil e vulcânico esculpiu naturalmente as torres que cercam o local em suas formas cônicas de cogumelo, que agora atraem milhões de visitantes para caminhadas ou balões de ar quente na região central da Turquia.
Mas sob a superfície em ruínas da Capadócia, uma maravilha de proporções igualmente gigantescas permaneceu escondida por séculos; uma cidade subterrânea que podia ocultar o paradeiro de até 20.000 habitantes por meses a fio.
A antiga cidade de Elengubu, hoje conhecida como Derinkuyu, fica a mais de 85 metros abaixo da superfície da Terra, abrangendo 18 níveis de túneis. A maior cidade subterrânea escavada no mundo, esteve em uso quase constante por milhares de anos, mudando de mãos dos frígios para os persas e para os cristãos da era bizantina.
Foi finalmente abandonada na década de 1920 pelos gregos da Capadócia, quando enfrentaram a derrota durante a guerra greco-turca e fugiram abruptamente em massa para a Grécia. Não apenas suas salas semelhantes a cavernas se estendem por centenas de quilômetros, mas acredita-se que as mais de 200 pequenas cidades subterrâneas separadas que também foram descobertas na região possam estar conectadas a esses túneis, criando uma enorme rede subterrânea.
Derinkuyu só foi “redescoberta” em 1963 por um morador anônimo que vivia perdendo suas galinhas. Enquanto ele reformava sua casa, a ave desaparecia em uma pequena fenda criada durante a reforma, para nunca mais ser vista. Após uma investigação mais detalhada e algumas escavações, o turco desenterrou uma passagem escura. Foi a primeira das mais de 600 entradas encontradas em casas particulares que levam à cidade subterrestre de Derinkuyu.
A escavação começou imediatamente, revelando uma rede emaranhada de habitações subterrâneas, armazenamento de alimentos secos, estábulos de gado, escolas, vinícolas e até uma capela. Era uma civilização inteira escondida com segurança no subsolo. A cidade das cavernas logo foi explorada por milhares dos turistas menos claustrofóbicos e, em 1985, a região foi adicionada à lista do Patrimônio Mundial da Unesco.
A data exata de construção da cidade permanece contestada, mas Anábase, escrita por Xenofonte de Atenas por volta de 370 a.C., é a obra escrita mais antiga que parece fazer referência a Derinkuyu. No livro, ele menciona o povo da Anatólia, na região da Capadócia ou perto dela, vivendo no subsolo em casas escavadas, em vez das habitações em cavernas mais populares nas falésias que são bem conhecidas na área.
A Capadócia é especialmente adequada para esse tipo de construção subterrânea devido à falta de água no solo e à sua rocha maleável e facilmente moldável. A geomorfologia da região é propícia à escavação de espaços subterrâneos, o que tornou fácil de esculpir com ferramentas simples como pás e picaretas. Este mesmo material piroclástico foi forjado naturalmente nas chaminés de contos de fadas e pináculos fálicos que se projetam da terra acima do solo.
Mas a quem atribuir a criação de Derinkuyu permanece um mistério parcial. A base para a extensa rede de cavernas subterrâneas é frequentemente atribuída aos hititas, que podem ter escavado os primeiros níveis na rocha quando foram atacados pelos frígios por volta de 1200 a.C. Adicionando peso a esta hipótese, artefatos hititas foram encontrados dentro de Derinkuyu.
No entanto, a maior parte da cidade provavelmente foi construída pelos frígios, arquitetos altamente qualificados da Idade do Ferro que tinham os meios para construir elaboradas instalações subterrâneas. Os frígios foram um dos primeiros impérios mais proeminentes da Anatólia.
Eles se desenvolveram em toda a Anatólia ocidental por volta do final do primeiro milênio a.C. e tinham uma tendência para monumentalizar formações rochosas e criar notáveis fachadas cortadas na rocha. Embora indescritível, seu reino se espalhou para incluir a maior parte da Anatólia ocidental e central, incluindo a área de Derinkuyu.
Originalmente, Derinkuyu provavelmente era usado para o armazenamento de mercadorias, mas seu objetivo principal era ser um refúgio temporário de invasores estrangeiros, com a Capadócia vendo um fluxo constante de impérios dominantes ao longo dos séculos.
A sucessão de impérios e seu impacto nas paisagens da Anatólia explicam o recurso a abrigos subterrâneos como Derinkuyu. Foi na época dos ataques islâmicos -século 7, no Império Bizantino predominantemente cristão-, no entanto, que essas habitações foram usadas ao máximo.
Enquanto os frígios, persas e seljúcidas, entre outros, habitaram a região e expandiram a cidade subterrânea nos séculos subsequentes, a população de Derinkuyu atingiu seu pico durante a era bizantina, com quase 20.000 residentes vivendo no subsolo.
No entanto, a engenhosidade dos vários impérios que se expandiram sobre Derinkuyu logo se tornou aparente. Corredores curtos e intencionalmente estreitos forçavam os visitantes a navegar pelo labirinto de corredores e habitações enquanto se curvavam e seguiam em fila única, obviamente uma posição inoportuna para intrusos.
Mal iluminadas pela luz de lamparinas, pedregulhos circulares de meia tonelada bloqueavam as portas entre cada um dos 18 níveis e só podiam ser movidos por dentro. Buracos pequenos e perfeitamente redondos no centro dessas portas pesadas permitiam que os residentes lançassem invasores enquanto mantinham um perímetro seguro.
A vida no subsolo provavelmente era muito difícil. Os residentes faziam suas necessidades em potes de barro lacrados, viviam à luz de tochas e descartavam cadáveres em áreas designadas.
Cada nível da cidade foi cuidadosamente projetado para usos específicos. O gado era mantido em estábulos próximos à superfície para reduzir o cheiro e os gases tóxicos produzidos pelo gado, além de fornecer uma camada quente de isolamento vivo para os meses frios.
As camadas internas da cidade continham moradias, porões, escolas e espaços de reunião. Identificável por seus tetos abobadados únicos, uma tradicional escola missionária bizantina, completa com salas adjacentes para estudo, está localizada no segundo andar.
A evidência da vinificação é baseada na presença de adegas, cubas de prensagem e ânforas -frascos altos de duas alças com gargalo estreito-. Essas salas especializadas indicam que os habitantes de Derinkuyu estavam preparados para passar meses sob a superfície.
Mas o mais impressionante é um sistema de ventilação complexo e um poço protegido que teria abastecido toda a cidade com ar fresco e água limpa. Na verdade, acredita-se que a construção inicial de Derinkuyu se concentrou nesses dois elementos essenciais.
Mais de 50 poços de ventilação, que permitiam o fluxo de ar natural entre as muitas residências e corredores da cidade, foram distribuídos por toda a cidade para evitar um ataque potencialmente fatal em seu suprimento de ar. O poço foi cavado com mais de 55 metros de profundidade e poderia ser facilmente cortado por baixo pelos habitantes da cidade.
Embora a construção de Derinkuyu tenha sido realmente engenhosa, ela não é a única cidade subterrânea da Capadócia. Com 445 quilômetros quadrados, é apenas a maior das 200 cidades subterrâneas abaixo das Planícies da Anatólia.
Mais de 40 dessas cidades menores estão três ou mais níveis abaixo da superfície. Muitas estão conectados a Derinkuyu através de túneis cuidadosamente escavados, alguns estendendo-se por até 9 km. Todos eles estão equipados com rotas de fuga de emergência, caso seja necessário um retorno imediato à superfície.
No entanto, os segredos subterrâneos da Capadócia ainda não foram todos escavados. Em 2014, uma nova cidade subterrânea potencialmente ainda maior foi desenterrada na região de Nevsehir.
A história viva de Derinkuyu chegou ao fim em 1923, quando os gregos da Capadócia evacuaram. Mais de 2.000 anos após a provável criação da cidade, Derinkuyu foi abandonada pela última vez. Sua existência foi praticamente esquecida para o mundo moderno até que algumas galinhas errantes trouxeram a cidade subterrânea de volta à luz.