
De formas dobradas a instalações gigantescas, a arte em papel é milenar, mas continua a inspirar os artistas até hoje. As dobraduras e o papel machê estão presentes desde a infância, criando brincadeiras, bonecos e esculturas. Mas uma prática que se tornou particularmente popular – e segue impressionando – é o Paper Cutting. A técnica de cortes minuciosos em papel produz obras incríveis e em dimensões bastante variadas.
Embora hoje muitos artistas explorem a prática do corte de papel, alguns se destacam, como as autodidatas Vanshika Agarwala, da Índia, e a brasileira Ariádine Menezes, que transformam folhas de papel inteiras em obras ou Patrick Cabral e Peter Callesen, com trabalhos que abusam da tridimensionalidade. Quer estejam usando uma tesoura simples, estilete ou bisturi, esses artistas provam as infinitas possibilidades oferecidas pelo papel.
No caso de Ariádine, o interesse pelo Paper Cutting surgiu das colagens. “Fui pegando gosto por cortar cada vez mais detalhado, usando até tesourinhas cirúrgicas. Com o tempo conheci pessoas que usavam o estilete de precisão, bisturi, e quando comecei com ele fui largando os outros materiais e focando mais no entalhe do papel como meio de expressão”, conta a artista. Seu processo de aprendizado foi de forma autônoma, na base da tentativa e erro. “Não haviam muitas referências dessa técnica no Brasil, então eu estudava na internet um pouco do que já havia sido explorado e testava sozinha coisas ‘novas’”, explica.

Ariádine começou de forma autodidata a trabalhar com paper cutting


A primeira exposição individual de Ariádne, Prazerosa, aconteceu em São Paulo e reuniu um apanhado de obras com bastante geometria e abstração. Nela estavam trabalhos da série ‘Busca’, estilo que ela focava mais no início da carreira, e também da série mais atual, ‘Toque’, que explora a autonomia sexual feminina, o empoderamento e confiança adquirida através do auto-prazer.
“Acho que dentro de todas as discussões do feminismo ainda precisamos muito falar daquilo que podemos fazer por nós mesmas independente do que a sociedade espera. A exposição acabou me rendendo mais convites ligados à discussões feministas, como bate-papos, parcerias e até ilustrações de um livro que deve sair no início do ano que vem”, comemora.



Para conhecer mais as possibilidades do Paper Cutting, separamos aqui 13 artistas que vale conhecer e amar. As três primeiras dicas são da própria Ariádine. Confira:
Admiro pela tridimensionalidade que aplica nas peças, parecendo sempre que tem algo tomando vida no papel e vindo na sua direção.




Artista mulher que usa Papper Cutting com vários outras técnicas como lambe, xilogravura, pintura e leva a delicadeza do recorte pra rua, pra arte urbana, um ambiente efêmero que contrasta com o afinco exigido na produção das obras.


Artista japonês (onde está berço da técnica) que faz instalações que trazem o papel pra algo bem orgânico e corpóreo até. Bem único o trabalho dele.


Ela é uma artista autodidata e suas peças de arte são criadas em um processo orgânico de desenhar em grandes folhas de papel e fazer cortes com uma faca. Fortemente inspirada em viagens e arquitetura, ela adora adicionar elementos extravagantes e de conto de fadas ao seu trabalho. Os motivos são muitas vezes relacionados com plantas e folhas.


6. Kiri Ken
Conhecido como Cutting Sword (espada de corte), o artista japonês Kiri Ken cria recortes que vão desde criaturas marinhas a retratos expressivos. Inspirado em ilustrações com tinta, sua arte em papel exibe as linhas finas e os mínimos detalhes tipicamente encontrados nos desenhos.


Conhecido por seus peculiares microorganismos de papel, o artista anglo-irlandês usa “o prisma da imaginação” para criar suas obras de arte. Com cortes à mão e à laser, suas peças são feitas com uma impressionante atenção aos detalhes e mostram as principais fontes de inspiração de Brown: desenho científico e modelismo.


Artista das Filipinas que cria retratos tridimensionais em papel de animais ameaçados de extinção. Com camadas de papel inspiradas em rendas, as elaborados obras mostram as interpretações estilizadas de cada animal.



A artista inglesa transforma lindamente pedaços de papel em elaborados recortes cheios de detalhes. Usando nada além de um lápis e uma faca, Dyrlaga é capaz de fabricar cenas inspiradas em seus arredores rurais. De pássaros e insetos a flores e penas, o assunto explorado mostra a vida selvagem britânica.


Ao contrário de muitos outros artistas de corte de papel que se especializam em peças figurativas, este californiano trabalha em abstrato. Inspirado pelo guilloche, uma antiga técnica de gravura, ele fabrica hipnotizantes instalações de papel. Com padrões geométricos e motivos sinuosos em espiral, cada uma de suas peças esculturais apresenta a abordagem delicada do artista à forma de arte.



A artista faz delicadas criações de papel inspiradas tanto pelo seu gosto pela arte folclórica quanto pelos motivos florais. Embora seja obsessivo, esse processo demorado atrai Taylor, que também trabalha com argila e como ilustradora.

Inspirado pela vida cotidiana, o artista indiano cria recortes em pequena escala que se parecem com desenhos de linhas ou esboços estampados. Embora cada peça pareça inegavelmente precisa, sua abordagem artística é surpreendentemente fluida. “Se é um desafio, isso me motiva. A coisa com papercuts é que não se sabe o resultado final até o final. Eu tenho uma suposição do que pode parecer e é com isso que eu trabalho. É a curiosidade de descobrir se tenho aquilo que me faz continuar”, relatou no site Bored Panda.



O artista japonês autodidata é especialista em arte dos cortes em papel com formas geométricas e padrões repetitivos. Abrangendo uma variedade de influências, incluindo mandalas simbólicas e motivos Art Nouveau, as peças elaboradas exibem o interesse do artista em alcançar o equilíbrio e promover a harmonia através de sua arte.


Fotos destaque: reprodução/Ariádine Menezes/fonte:via