Eu sou essa pessoa a quem o vento chama…..

Eu sou essa pessoa, a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus, sem tentação de volta.

Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza.
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
iá de horizonte libertada, mas sozinha.


Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me:não quereis ou não sabeis ser sonho?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.


Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:


“Agora és livre, se ainda recordas.”
Eu sou essa pessoa, a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus, sem tentação de volta.


Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza.
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
iá de horizonte libertada, mas sozinha.


Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me:não quereis ou não sabeis ser sonho?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.


Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:


“Agora és livre, se ainda recordas.”

O VELHO E O MAR

O Velho E O Mar


Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos colegas de profissão, o velho Santiago enfrenta o alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Quer provar aos outros e a si mesmo que ainda é um bom pescador. É em completa solidão que ele travará uma luta de três dias com um peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia Moby Dick. À medida que o combate se desenvolve, o leitor vai embarcando no monólogo interior de Santiago, em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, a boca salgada e com gosto de carne crua, as mãos úmidas de sangue. Por fim o peixe se dobra à força do pescador. Mas a vitória não será completa – surgem os tubarões.

Novela da maturidade de Ernest Hemingway, que foi correspondente de guerra e amante das touradas, O Velho e o Mar (1952) é a melhor síntese de sua obra e de sua visão do mundo. Escrito num estilo ágil e nervoso, máxima depuração da prosa jornalística do autor, o livro explora os limites da capacidade humana diante de uma natureza voraz, onde todos os elementos estão permanentemente em luta, numa autodevoração sem fim.