Como os americanos escondiam fábricas de aviões dos ataques aéreos japoneses

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Boeing fabricava seus aviões militares B-17, considerados verdadeiras fortalezas voadoras, com um enorme poder de destruição. Porém, quem passasse pela fábrica em que essas máquinas da morte eram construídas poderia encontrar uma cena tão pacata quanto algumas mulheres tomando banho de sol.

Para despistar possíveis ataques aéreos e esconder a construção das aeronaves, o governo americano contratou o cenografista de Hollywood John Stewart Detlie para um de seus maiores projetos: criar uma cidade cenográfica na vida real.

Detlie servia o exército na época e foi o responsável pela camuflagem da fábrica da Boeing que construía os aviões durante a Segunda Guerra Mundial. Para que a criação fosse ainda mais realista, uma equipe de atores foi contratada para viver no bairro cenográfico, segundo relata o site Vintage Everyday.

Ainda de acordo com a publicação, submarinos japoneses haviam sido vistos próximos às baía de São Francisco em 1942 e, portanto, o governo americano quis tomar todas as medidas possíveis para que a área não se tornasse o novo alvo dos inimigos, o que levou à construção do bairro falso.

Vista de cima, a vizinhança parecia uma pacata área urbana. De perto, no entanto, era fácil perceber que tratava-se apenas de uma fachada. Nem mesmo as árvores eram reais. O cenário foi praticamente todo construído com madeira compensada e papelão.

Sob essa fachada, cerca de 30.000 pessoas construíam 300 aviões de guerra por mês. Os boeings B-17 foram responsáveis pela explosão de 640 mil toneladas de bombas sobre a Alemanha, segundo o Bored Panda.As imagens desta cidade “de mentirinha” foram registradas em uma série de fotografias raras que você encontra nesta página.

É até difícil de acreditar no que vemos. Confere só!

 

A história por trás da foto que mudou a Guerra do Vietnã há 50 anos

No dia 01 de fevereiro de 1968, o Brigadeiro General Nguyen Ngoc Loan, chefe de Polícia Nacional do Vietnã do Sul, sem se intimidar ou mesmo tomar conhecimento da câmera fotográfica que lhe espreitava a poucos metros, e sem alterar sua feição, apontou displicentemente seu revólver para a cabeça de um prisioneiro no meio de uma rua de Saigon, e disparou.

É certo que o clique da câmera fotográfica do americano Eddie Adams ficou encoberto pelo estampido do disparo, mas a imagem é ainda hoje tão ruidosa quanto foi há quase exatos 50 anos, quando foi publicada para alterar o rumo da Guerra do Vietnã e da própria história do Século 20.

Eddie já havia coberto a Guerra da Coréia, em 1951, e vinha trabalhando há alguns anos no campo de batalha do Vietnã para a agência Associated Press, quando cruzou, nas ruas de Saigon, com a fatídica cena.

Ele inicialmente pensava se tratar de um interrogatório improvisado, até notar o general sacando sua arma – e ele então sacar sua câmera.


© Eddie Adams/AP

A imagem do exato instante da execução sumária de Nguyen Van Lem, um jovem soldado vietcong, sem uniforme, com as mãos algemadas às costas, estamparia a capa dos principais jornais americanos e do mundo nos dias seguintes, há quase exatos 50 anos.


Capa do New York Times do dia seguinte, 02 de fevereiro de 1968

Executar um prisioneiro detido, algemado, que não representa perigo algum, seja ele quem for, esteja ele do lado que estiver, é violação de qualquer acordo ou convenção de guerra internacional. o gesto do chefe de polícia se agravou intensamente diante de um dado simbólico incontornável para a então opinião pública americana: o executor não era um comunista, mas sim um membro do governo do Vietnã do Sul, aliado dos EUA – o “vilão” em questão era um amigo. O foco certo, na direção correta, no instante exato, e a brutalidade e o absurdo da Guerra do Vietnã começavam a ser desnudadas em uma fotografia.


As outras fotos da sequência de imagens que registrou a execução em Saigon © Eddie Adams/AP


O fotógrafo Eddie Adams no Vietnã, em 1965 © AP

Toda guerra esconde seus verdadeiros motivos em coleções de mentiras, que precisam ser afirmadas para sustentar seus injustificáveis propósitos, em um teatro infame ao custo de milhões de vidas – alimentado pelo medo, esse combustível infalível, que poderosos de todos os calibres aplicam sobre as populações. Com a Guerra do Vietnã não foi diferente: um conflito fadado ao fracasso, que convocou milhares e milhares de jovens principalmente americanos (mas não somente) a massacrarem outros jovens sul-vietnamitas em nome da abstrata luta contra o comunismo e, ainda assim, perderem a guerra.


Combatente vietcong morto estirado ao chão em Saigon © Eddie Adams/AP

Cerca de 60 mil americanos foram mortos no conflito, enquanto 250 mil soldados do Vietnã do Sul (aliado dos EUA), 1.1 milhão de soldados do Norte e 2 milhões de civis, em ambos lados, aproximadamente acabaram mortos ao fim do período principal da guerra, entre 1965 e 1974. Se tais reais propósitos estão sempre encobertos por essa densa nuvem de medo, mentiras e preconceitos, há quase exatos 50 anos essa única fotografia de Eddie foi capaz de começar ao menos a dissipar a cortina de fumaça e revelar a violência inócua que movia o horror no sudeste da Ásia.

Duas fotos revelando os momentos que antecederam a execução © Eddie Adams/AP

Enquanto os mestres da guerra e do poder se inflavam e enriqueciam, as populações dos países envolvidos eram massacradas sem mais nenhum propósito real à vista – não havia mais luta contra ou pelo o comunismo que justificasse tal massacre. A foto de Eddie tornou-se justamente um outro combustível para que a opinião pública internacional, e principalmente a americana, começasse a mudar sua posição a respeito da Guerra do Vietnã.


O instante do disparo, na foto que mudaria o mundo e a vida de Eddie…


..e o instante seguinte à icônica foto © Eddie Adams/AP

As mentiras se davam em todas as direções naquele fevereiro de 1968: o governo americano garantia que a guerra já estava vencida, que o inimigo encontrava-se de joelhos, enquanto as tropas do Norte e Vietcongs tomavam as ruas e até mesmo a embaixada americana em Saigon com força impressionante, no que ficou conhecido como a Ofensiva de Tet. O “inimigo” parecia revigorado, forte, até mesmo invencível – lutando em casa, no árduo campo de batalha das densas florestas do Vietnã, especialmente para jovens urbanos americanos.


Manifestações de veteranos contra a Guerra do Vietnã, nos EUA

A brutalidade era generalizada, e a foto de Eddie impactou com mais força do que qualquer noticia. Aos poucos, a guerra que era para ser justa ia revelando a impressão de ser não só uma guerra impossível de ser vencida, como de que talvez os americanos não devessem ganha-la. O supostamente inabalável patriotismo americano agora se via mais e mais diante da inexorável certeza de que não haviam mocinhos nessa briga, e que se os russos aliados aos vietcongs eram a grande ameaça, os americanos não traziam paz nem justiça – ninguém era o lado bom da luta.

A presença americana no sudeste da Ásia não fazia sentido, e a condução da guerra era, para qualquer lado, imoral – e a foto de Eddie, as várias histórias que a foto carrega naquele instante em que a arma disparou em uníssono perfeito com o disparo da câmera, impôs tais vereditos de forma gráfica e inconteste. Nos meses que sucederam a forte Ofensiva comunista de Tet e a fotografia de Eddie nos jornais, a opinião pública americana tornou-se crítica ao conflito com rapidez e força como nunca antes havia sido.


Manifestantes tomam as ruas de Los Angeles contra a guerra © Joe Kennedy/LA Times

O general que puxou o gatilho, ao fim do conflito com a derrota americana, migrou para os EUA depois de conseguir um green card. O governo dos EUA tentaria, sem sucesso, cancelar sua cidadania americana alguns anos depois, mas o general viveria no país até falecer, em 1998, cuidando de um restaurante.


O General Nguyen Ngoc Loan, dois meses depois da execução, ainda durante a guerra © Eddie Adams/AP 

O próprio Eddie assumiria, anos depois, que ainda que as fotos não mintam, elas podem contar meias-verdades. O jovem executado não era uma vítima somente, mas também um combatente e criminoso – ele havia sido detido por ter matado toda a família de outro oficial sul-vietnamita, e a retirada natural de contexto que ocorre com uma imagem tão icônica perseguiria Eddie Adams em desconforto até seu falecimento, em 2004. “Duas pessoas morreram naquela foto: o que recebeu a bala e o general Nguyen Ngoc Loan”, escreveu Eddie em um artigo para a revista Time. “O general matou o vietcong; eu matei o general com minha câmera”. Segundo o próprio Eddie, o sucesso da foto não permitiria que ele jamais esquecesse aquele momento.


Eddie segurando a foto que tanto marcaria a história e sua própria vida

Eddie Adams viria a ganhar o Prêmio Pulitzer em 1969 e mais de 500 outros prêmios ao longo de sua vida pela imagem, que seria rapidamente reconhecida como uma das mais importantes fotos já tiradas na história. Diversas outras fotos de Eddie se tornariam símbolos da guerra, mas nenhuma com o mesmo poder de síntese emocional, simbólica e política que a imagem do jovem sendo executado ofereceu – só comparada, em importância, à foto que o vietnamita Nick Ut tiraria em 1972 de uma jovem garota correndo em desespero, com o coberta coberto pela bomba líquida Napalm.


A outra foto que mudaria a história do conflito no Vietnã, 4 anos depois, em 1972© Nick Ut

Se a foto de Eddie significou a mudança de perspectiva sobre a guerra e a participação americana, a foto de Nick a complementaria como a imagem do fim do conflito – e as duas fotos formam a certeza de que, se não há vencedores em uma guerra como tal, os perdedores são claros e evidentes, e sempre o lado mais frágil e inocente: o das pessoas.

 

© Eddie Adams/AP

© Divulgação/reprodução/© Nick Ut/fonte:via

Conheça a incrível Simone Segouin, ativista da resistência francesa que aos 18 anos capturou 25 nazistas

Se a invasão nazista à França foi realizada com relativa facilidade pelo exército alemão, o mesmo não pode se dizer da resistência civil-militar realizada por grupos hoje reconhecidos como a “resistência francesa”. Ao longo dos 4 anos de ocupação nazista na França – de 1940 a 1944 – diversos grupos, capitaneados principalmente pelos diretores do Partido Comunista Francês, resistiram bravamente até a vitória contra as tropas nazistas. Em meio aos heróis do Francs-Tireurs et Partisans (nome de uma das mais importantes organizações armadas de resistência francesas), uma personagem em especial se destaca: a jovem Simone Segouin.

Conhecida então como Nicole Minet – alcunha que utilizou durante a guerra – Simone se uniu à organização em 1944, quando tinha somente 18 anos. Sua foto de bermuda e chapéu, lutando ao lado de soldados, tornou-se um símbolo da resistência francesa.

Além da pouca idade, o óbvio destaca sua incrível atuação durante a guerra: se, entre toda a resistência, o número de mulheres não chegava a 10% na luta. Sua força, porém, jamais a deixou para trás – a jovem participou de ataques contra trens nazistas, da explosão de pontes para sabotar investidas alemãs, de ações que terminaram na prisão e morte de dezenas de oficiais da SS – ela própria foi creditada por ter prendido 25 alemães – e muito mais.

O auge de sua atuação, segundo ela, foi ter estado em Paris, junto do General Charles de Gaulle, quando da libertação da cidade, em 25 de agosto de 1944. “Eu não fui a única mulher a se juntar à Resistência”, ela disse. “Tenho orgulho do que fizemos como uma equipe. Mas o momento de maior orgulho foi ir a Paris com o General de Gaulle. Foi maravilhoso o sentimento de adentrar a cidade, mas minha excitação era contida pois tudo parecia muito perigoso”.


Simone recentemente, com uma de suas condecorações

Com o fim da guerra, Simone foi prestigiada com diversas condecorações e promovida a Tenente. Ela tornou-se enfermeira em Chartres, região onde atuou durante a Segunda Guerra Mundial, e seus feitos permanecem históricos e reconhecidos – uma rua foi nomeada com seu nome. Simone é um ícone da luta pela igualdade de gêneros, e essa talvez seja seu maior prêmio: estar viva ainda hoje, aos 92 anos, como a heroína que de fato é.


O clássico momento da foto histórica, visto de outro ângulo

 

© fotos: Getty Images/divulgação/fonte:via

Imagens chocantes retratam descaso com refugiados deixados para morrer no mar

ATENÇÃO: AS IMAGENS CONTIDAS NESSA MATÉRIA SÃO FORTES. 

Fotógrafos conseguiram captar o desespero de refugiados deixados para trás após o naufrágio de um inflável no Mar Mediterrâneo em território líbio, a 50 quilômetros da cidade de Trípoli, no dia 6 de novembro.

O barco da ONG alemã Sea-Watch foi o responsável pelo resgate, junto de uma embarcação do governo da Líbia. Segundo o que um porta-voz da ONG disse ao jornal Daily Mail, os líbios começaram a bater nos refugiados e ameaçá-los, isso tudo enquanto eles se afogavam.

O fotógrafo Alessio Paduano estava presente e registrou imagens horríveis.

“Enquanto eu tirava essa foto, podia ouvir a respiração dele ser interrompida pela água. Eu ainda ouço o barulho da respiração dele na minha cabeça”, disse ela à BBC. Paduano ressaltou, porém, que o homem foi resgatado pela Sea-Watch.

A equipe da ONG alemã observou o barco do governo da Líbia começar a se mover em partida enquanto alguns refugiados, ainda pendurados nos cascos, despencavam no mar.

Um helicóptero italiano foi levado até o local para ajudar no salvamento, mas já era tarde demais. 50 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo, incluindo crianças.

A Sea-Watch afirma que, caso o governo líbio permitisse que ela trabalhasse sozinha e em paz, todos teriam sido resgatados com vida. Em vídeos da operação, é possível ouvir soldados da Líbia batendo nas vítimas com cordas e vê-los empurrando resgatados do barco.

fonte:via

 
 
 

O desconhecido heroísmo de Marie Curie na Primeira Guerra Mundial

Se você perguntar para qualquer pessoa qual a mulher mais importante da história da ciência, muito provavelmente a resposta será Marie Curie. Se você perguntar o que ela fez, muitas pessoas vão dizer que era algo relacionado à radioatividade (ela na verdade descobriu os radioisótopos rádio e polônio). Alguns também podem saber que ela foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel (ela ganhou dois).

 

Mas poucos saberão que ela também foi uma grande heroína da Primeira Guerra Mundial. Na verdade, se alguém visitasse seu laboratório em Paris em outubro de 1917 – há 100 anos neste mês – não teria encontrado nem ela nem rádio no local. Seu rádio estava escondido e ela estava na guerra.

Para Curie, a guerra começou no início de 1914, quando as tropas alemãs se dirigiram para a cidade em que ela morava, Paris. Ela sabia que sua pesquisa científica precisava ser suspensa. Então, ela reuniu todo o seu estoque de rádio, colocou-o em um recipiente revestido de chumbo, transportou-o de trem para Bordeaux – a pouco mais de 600 km de distância de Paris – e deixou-o em um cofre em um banco local. Ela então voltou para Paris, confiante de que ela reclamaria seu rádio depois que a França vencesse a guerra.

Com o objeto do trabalho de sua vida escondido, ela agora precisava de algo mais para fazer. Em vez de fugir da agitação, ela decidiu participar da luta. Mas, como poderia uma mulher de meia-idade fazer isso? Ela decidiu redirecionar suas habilidades científicas para o esforço de guerra; não para fazer armas, mas para salvar vidas.

Raios-X na guerra

Os raios-X, um tipo de radiação eletromagnética, foram descobertos em 1895 por outro vencedor do prêmio Nobel, Wilhelm Roentgen. Quase imediatamente após a descoberta, os médicos começaram a usar raios-X para fazer imagens dos ossos dos pacientes e encontrar objetos estranhos – como balas.

 

Mas no início da guerra, as máquinas de raios-X ainda eram encontradas apenas nos hospitais da cidade, longe dos campos de batalha onde as tropas feridas estavam sendo tratadas. A solução de Curie foi inventar o primeiro “carro radiológico” – um veículo contendo uma máquina de raios-X e equipamento fotográfico de câmara escura – que poderia ser conduzido até o campo de batalha onde os cirurgiões do exército poderiam usar raios-X para orientar suas cirurgias.

Um dos principais obstáculos foi a necessidade de energia elétrica para produzir os raios-X. Curie resolveu esse problema incorporando um dínamo – um tipo de gerador elétrico – no design do carro. O motor do carro poderia assim fornecer a eletricidade necessária.

Frustrada com os atrasos na obtenção de financiamento dos militares franceses, Curie se aproximou da União das Mulheres da França. Esta organização filantrópica deu-lhe o dinheiro necessário para produzir o primeiro carro, que acabou desempenhando um papel importante no tratamento dos feridos na Batalha de Marne em 1914 – uma grande vitória aliada que impediu os alemães de entrarem em Paris.

Mais carros radiológicos eram necessários. Assim, Curie explorou sua influência científica para pedir às mulheres parisiense ricas para doar veículos. Logo ela tinha 20, que ela equipou com equipamentos de raios-X. Mas os carros eram inúteis sem operadores de raios-X treinados, então Curie começou a treinar mulheres voluntárias. Ela recrutou 20 mulheres para o primeiro curso de treinamento, que ensinou junto com sua filha, Irene, uma futura vencedora do Prêmio Nobel.

O currículo incluiu instruções teóricas sobre a física da eletricidade e raios-X, bem como aulas práticas em anatomia e processamento fotográfico. Quando esse grupo terminou seu treinamento, foi para a frente de batalha, e Curie treinou mais mulheres. No final, um total de 150 mulheres receberam o treinamento de raios-X de Curie.

Não contente apenas de enviar suas formandas para a frente de batalha, a própria Curie teve seu próprio “pequeno Curie” – como os carros radiológicos foram apelidados – que ela levou para lá. Isso exigiu que ela aprendesse a dirigir, trocar os pneus e até dominar um pouco de mecânica rudimentar, como a limpeza de carburadores. E ela também teve que lidar com acidentes de carro. Quando o carro entrou em uma vala, ela teve que ajudar a endireitar o veículo, reparar o equipamento danificado o melhor possível e voltar para o trabalho.

Além dos pequenos Curies móveis que viajaram ao redor do campo de batalha, Curie também supervisionou a construção de 200 salas radiológicas em vários hospitais de campo fixo atrás das linhas de batalha.

Efeitos colaterais

Embora poucas – ou talvez nenhuma – mulheres trabalhadoras de raios-X tenham sido feridas como consequência do combate, elas não ficaram sem efeitos colaterais da radiação. Muitas sofreram queimaduras por exposição excessiva a raios-X. Curie sabia que tais exposições elevadas representavam riscos futuros para a saúde, como o câncer na vida adulta. Mas não houve tempo para aperfeiçoar as práticas de segurança de raios-X para o campo de batalha, então muitas trabalhadoras que lidaram com os raios-X foram sobre-expostas. Ela se preocupou muito com isso, e depois escreveu um livro sobre segurança de raios-X tirado de suas experiências de guerra.

Curie sobreviveu à guerra, mas estava preocupada com o fato de seu intenso trabalho de raio-X acabar por causar sua morte. Anos depois, ela contraiu anemia aplástica, um distúrbio sanguíneo às vezes produzido por alta exposição à radiação.

Muitos assumiram que sua doença era o resultado de suas décadas de trabalho com o rádio – está bem estabelecido que o rádio pode ser letal. Mas Curie desconsiderava esse pensamento. Ela sempre se protegeu de ingerir rádio. Em vez disso, ela atribuiu sua doença às altas exposições de raios-X que havia recebido durante a guerra. (Nós provavelmente nunca saberemos se os raios-X de guerra contribuíram para a morte dela em 1934, mas uma amostra de seus restos em 1995 mostrou que seu corpo estava realmente livre de rádio).

Como uma celebridade da ciência, Marie Curie dificilmente pode ser chamada de heroína desconhecida. Mas a representação comum dela como uma pessoa unidimensional, afastada em seu laboratório com o único propósito de avançar a ciência pela ciência, está longe da verdade.

Marie Curie era uma pessoa multidimensional, que trabalhou obstinadamente como cientista e humanitária. Ela era um forte patriota de sua pátria adotada, tendo imigrado para a França da Polônia. E aproveitou sua fama científica para o benefício do esforço de guerra de seu país – usando os ganhos de seu segundo Prêmio Nobel para comprar títulos de guerra e até mesmo tentou derreter suas medalhas Nobel para convertê-las em dinheiro para comprar mais.

Apesar das dificuldades intrínsecas para as mulheres no início do século 20 em um mundo dominado pelos homens, ela mobilizou um pequeno exército de mulheres em um esforço para reduzir o sofrimento humano e ganhar a Primeira Guerra Mundial. Através de seus esforços, estima-se que o número total de soldados feridos que receberam exames de raios-X durante a guerra tenha ultrapassado um milhão.

Fonte:[Via Discover Magazine]