O hábito destruidor e lamentavelmente tão comum de se desmatar a Amazônia e abrir campos de pasto para a criação de gado revelou uma surpresa impressionante ao capataz de uma fazenda no estado do Amapá: um estranho agrupamento de enorme pedras de granito posicionadas em círculo, como uma espécie de Stonehenge amazônico.
Tratam-se de 127 blocos de até 4 metros de altura cada um, formando um círculo de aproximadamente 30 metros de raio. Testes e medições levaram estudiosos da arqueoastronomia a concluir que o local funcionava como um observatório astronômico há cerca de mil anos, ou seja: 500 anos antes da chegada dos europeus por aqui.
A descoberta se junta a outras revelações que indicam que a região amazônica era muito menos intocada e virgem do que se pensa, com população de possivelmente 10 milhões de pessoas, dizimadas pelas epidemias trazidas pelos europeus, e pelos próprios europeus.
A descoberta do capataz aconteceu nos anos 1990, e nos últimos dez anos as pesquisas ao redor do local receberam verba pública e puderam se intensificar. Resta ainda muita pesquisa para se aprofundar na história e na função do local, mas a descoberta é impressionante para que se possa começar a trilhar a história das populações amazônicas e da própria América antes da chegada dos europeus – e, com isso, a própria genealogia aprofundada da humanidade.
Cerâmicas e outros objetos encontrados na região
Para isso, no entanto, é fundamental que se consigam realizar tais pesquisas sem precisar desmatar ainda mais a floresta, ou o próprio sentido da investigação se perde por completo. Há de haver uma vasta história a ser descoberta a respeito da vida, cultura, acontecimentos e hábitos dos povos que viviam nessa região e no próprio Brasil – que definitivamente não começou quando os europeus chegaram aqui.
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