Ele comprou negativos a $ 3,50 num mercado de pulgas e ao revelar teve uma grande surpresa

Um dos grandes prazeres de se frequentar as feiras de antiguidade e objetos usados – os famosos “mercados de pulgas” – por todo mundo é a certeza de que sempre será possível encontrar uma preciosidade valorosa, uma raridade perdida entre as mercadorias diversas oferecidas pelos comerciantes locais.

Para tal, é preciso um tanto de sorte, coragem e iniciativa, como teve o turista americano Tom Sponheim, quando adquiriu, por 3,50 dólares, um pacote de negativos fotográficos em uma feira em Barcelona, em 2001 sem saber o que encontraria quando revelasse as fotos. Depois de revelar os negativos, sua surpresa foi imensa: havia em suas mãos a obra de uma artista genial e desconhecida.

Milagros3

Tão desconhecida que, mesmo depois de reveladas as fotos, Tom simplesmente não conseguiu descobrir quem era o autor ou autora daquelas impressionantes e belíssimas imagens antigas de Barcelona e seus personagens. A única convicção é que a artista em questão era brilhante.

Milagros19

Ele então criou, em 2010, uma página no Facebook, para dar sequência a sua missão – que então já durava 9 anos – de tentar descobrir de quem seria os olhos e a mão por trás daqueles maravilhosos cliques. Somente em 2017 que uma usuária chamada Begoña Fernandez, também abismada pela beleza e força das imagens, conseguiu enfim descobrir a autoria das fotos.

Milagros5

Para descobrir tal identidade, ela partiu da imagem de uma escola de Barcelona que havia em uma das fotos. Na escola, Begoña, soube de um concurso de fotografias que havia acontecido em 1962. A partir desse concurso ela encontrou uma associação de fotografias antigas, e lá, uma foto publicada em uma revista finalmente revelou a autoria: a imagem publicada – que estava entre as fotos adquiridas por Tom – era creditada a Milagros Caturla, uma simples professora que trabalhava com administração.

Milagros20

Nas horas vagas, porém, Milagros era uma excelente fotógrafa, que chegou a vencer diversos concursos de fotografia, mantendo inclusive um quarto escuro para revelações em sua casa.

Milagros15

Milagros infelizmente veio a falecer, mas agora tanto Tom quanto Begoña, que tornaram-se seguidores desse talento até então desconhecido, passaram a trabalhar para garantir que o legado da fotógrafa sobreviva ao futuro e encontre um público justo e vasto.

Milagros18

As fotos de Milagros estarão no próximo festival fotográfico Revela-T, em Barcelona, e que seja o primeiro de muitos: a inquestionável qualidade das imagens criadas por Milagros merecem o mundo, tanto quanto o mundo realmente precisa de uma artista genial.

Milagros17

Milagros16

Milagros13

Milagros14

Milagros12

Milagros11

Milagros10

Milagros9

Milagros7

Milagros8

Milagros6

Milagros4

Milagros2

Milagros1

© fotos:Milagros Caturla fonte: via

O trabalho deste artista cego prova que a arte vai além dos sentidos

Às vezes um poema é mais eficiente para se compreender algo difícil do que uma longa e objetiva explicação. Para demonstrar como enxerga alguém que perdeu praticamente toda a visão – sendo legalmente considerado cego – o artista nativo-americano George Redhawk recorreu a verdadeiros poemas visuais, realizando belos e profundos gifs que, em loop infinito, oferecem a sensação que melhor descreve, para George, sua cegueira quase total.

zPSjgC-V3Sn-TTA73Yie_redhawk6

“A quantidade de informações enviada para o cérebro por meus olhos é insuficiente, e o cérebro então preencher os espaços em branco com informações falsas, então você não pode confiar naquilo que seus olhos e cérebro estão te dizendo”, ele diz. “É uma expressão artística da confusão pela qual passo com a minha perda da visão”, afirma George. A impressionante coleção de arte em movimento foi batizada de O Mundo Por Meus Olhos.

dP6IiEgktHI72q4qGowf_Redhawk1

Para criar os gifs, George recorre à ajuda de um software especial, realizando assim peças capazes de espantar pela beleza, a assombrosa riqueza de movimentos e detalhes, e ainda por um potencial meditativo e reflexivo intenso. Perder-se no mundo visto pelos olhos do artista parece ser, nesse caso, uma maneira poética e bela de justamente enxergar coisas que a maioria não é capaz de ver.

iYZasXUTOl56fQCxPcwH_Redhawk7

iQVM308vvkQFJfIITXEY_Redhawk4

icuuAxHp2eLRd75QEn0D_redhawk3

HSVovZhUkDwUrNYBM6M6_redhawk5

E8A5Z6Q2ZkhF7MM9HDki_redhawk2

e4snQXS0YVg1rQ-AYBqA_redhawk10

DTMTO07SrKxq0uUC1sXh_redhawk1

ChiLHb-qnFKCG4ghdwuX_redhawk8

zh6WE27MjbkoBpqkSTb6_redhawk9

wMBmjaZzMFgifupiIrkq_Redhawk111

LtsCoijSTTTWU7EzecGE_redhawk4

LOgZvAvLReorKXkpcQCz_Redhawk5

rLXuRzZ6tAgdcd5sFEyt_Redhawk8

© Imagens: George Redhawk fonte: via

Primeira mulher a completar oficialmente (e sob agressões) a Maratona de Boston corre novamente, 50 anos depois

Certas barbaridades do passado, quando vistas hoje, parecem dignas de uma mentalidade medieval, mas em verdade muitas delas aconteceram praticamente ontem. Pode parecer difícil imaginar que 50 anos atrás – que, em uma mínima perspectiva histórica, é como se fosse no instante passado – a presença de uma mulher participando de uma corrida pudesse não só causar escândalo como reações violentas contra a corredora em questão, mas foi isso que se sucedeu com Kathrine Switzer na Maratona de Boston de 1967.

KSwitzer5

Kathrine precisou superar muito mais do que os 42 quilômetros de corrida para se tornar a primeira mulher a oficialmente completar a tradicional maratona da cidade de Boston, nos EUA: ela não só foi verbalmente agredida por outros corredores, que tentaram obriga-la a não usar maquiagem na pista, como foi fisicamente agredida por um juiz, que tentou retira-la da pista à força e aos gritos, sendo impedido pelo namorado de Kathrine.

KSwitzer4

Para participar, a maratonista se inscreveu com o nome K. V. Switzer, uma alcunha neutra, que confundiu os juízes – as mulheres só seriam aceitas de fato na corrida cinco anos depois, já em 1972.

Kathy Switzer Roughed Up By Jock Semple In Boston Marathon

KSwitzer3

Para comemorar os 50 anos de seu feito, Kathrine decidiu participar da edição de 2017 da mesma maratona, aos 70 anos de idade. Depois da Maratona de Boston de 1967, ela acabou sendo expulsa do União Atlética Amadora, da qual fazia parte, mas se tornou instantaneamente uma celebridade e um ícone da luta por igualdade de gêneros.

KSwitzer2

Além de construir uma forte carreira como maratonista, Kathrine permaneceu como uma militante feminista dentro dos esportes até hoje. O que hoje pode parecer simples, na realidade tornou-se um fato histórico, e a dimensão profunda do machismo e da misoginia na sociedade ainda hoje pode ser medida por essa história.

KSwitzer6

© fotos: divulgação fonte: via

Conheça a vila das casas feitas com barcos invertidos na França

Equihen Plage, na costa do norte da França, é uma pequena vila à beira-mar com uma população de cerca de 3 mil pessoas. Até o início do século XX, o local foi uma aldeia de pescadores que servia como porto seco – de onde barcos de pesca eram lançados ao mar deslizados em toras de madeira. Hoje, a aldeia é famosa por suas muitas casas feitas de barcos invertidos, localmente conhecidas como “quilles en l’air“. Estas curiosas casinhas servem como alojamento de férias para viajantes que visitam a vila.

equihen-plage-boat-house-32
Bateloupreaut/Wikimedia

Nos velhos tempos, não era raro encontrar barcos velhos – tanto eretos quanto virados – ao longo da costa, onde eram trazidos para cima e secos na praia para serem usados para habitação. O casco, que se tornava o telhado, era coberto de alcatrão para garantir que ficasse bem reforçado. Uma porta era cortada nas laterais e fornecia a entrada, enquanto pequenas janelas deixavam entrar o ar e a luz. Mesmo assim, o interior ficava escuro e abafado.

equihen-plage-boat-house-225

Todo o comprimento do barco servia como um quarto individual, espaço para cozinhar e dormir – tudo compartilhado.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quase todas as casas-barco foram destruídas, mas seu legado permaneceu.

equihen-plage-boat-house-510
Joel Herbez

Na década de 1990, cerca de sessenta anos após seu desaparecimento, a aldeia decidiu reviver seu antigo patrimônio. Os barcos invertidos começaram a ser reconstruídos, desta vez de modo bastante moderno, para atrair turistas. Agora eles podem ser alugados com preços a partir de trezentos euros.

equihen-plage-boat-house-12
Joel Herbez

equihen-plage-boat-house-22
Fonte: via Bertrand Hodicq/Wikimedia