A famosa ideologia alemã, promovida pelo ditador Adolf Hitler ficou conhecida pelo mundo todo, após todos nós descobrirmos as atrocidades que eram cometidas contra os judeus. Porém, o preconceito com a etnia judaica já reinava bem antes de Hitler assumir o poder.
No final do século XIX, os judeus já eram vistos como motivo do declínio das finanças no mundo e eram acusados de terem entregue Jesus Cristo aos romanos. Na Alemanha, a perseguição ganhou força por causa de teorias biológicas racistas. Os judeus eram denominados como uma “raça deformada”, uma ameaça à “raça ariana” – descendentes dos árias, uma das etnias que formaram as populações europeias.
Com isso, para convencer os alemães da importância da pureza de sua raça, os nazistas providenciavam até panfletos e campanhas para promover a ideologia da “pureza ariana”. Em uma dessas campanhas, em 1935, houve um concurso para escolher o bebê que fosse a representação perfeita de um ariano alemão ideal. Depois que o Departamento de Propaganda Nazista analisou a foto de 100 bebês diferentes, foi escolhida para ser capa da revista a pequena Hessy Taft, que tinha 6 meses de idade na época da fotografia.
Uma das ironias da história é a foto de Hessy ter ido parar nas mãos do Departamento de Propaganda Nazista, pois a mãe da criança, Pauline Levinson, não levou a pequena para participar do concurso, e sim à um fotógrafo (Hans Ballin), que não tinha nada a ver com o assunto, para uma foto de família, afim de guardar a imagem da filha de recordação, seis meses antes do ocorrido. Sem o consentimento da mãe ou qualquer um da família o fotógrafo mandou o retrato de Hessy para o concurso, como uma das participantes, e para a surpresa de todos, a garota foi escolhida como a representação perfeita do que eles queriam passar.
O que todos não sabiam é que Hessy era, na verdade, judia. Seus pais, nascidos na Letônia, haviam partido para a Alemanha em 1928 afim de trabalharem como cantores de ópera e ficaram surpresos quando viram a imagem da filha nas capas de revistas nazistas. Não demorou muito para que a origem da garota fosse descoberta e a família começasse a ser caçada, o contrato de seu pai foi cancelado imediatamente assim que suas origens judias foram descobertas.
Após fugir da Alemanha para Paris em 1938, a família se escondeu dos nazistas no norte da França, em 1941, emigrando para Espanha e Portugal até conseguir embarcar em um navio para Cuba. Em 1949, os Levinson se estabeleceram nos Estados Unidos, onde Hessy se formou em química na Universidade de Columbia e se casou, em 1959, com Earl Taft. O casal tem dois filhos e quatro netos. Ela ainda leciona química na Universidade de St. John’s. Apesar de sua família mais próxima ter sobrevivido ao holocausto, a maioria de seus parentes foram mortos pelos nazistas.
“Eu dou risada disso hoje, mas se na época os nazistas tivessem me descoberto, eu não estaria viva”, contou Hessy, que hoje está com 80 anos. Quando perguntada o que diria para o fotógrafo hoje, Hessy respondeu: “Eu diria: ‘Que bom que você teve coragem’”. [via]