O amor entre o fotógrafo galês John Paul Evans e seu marido Peter começou em 1989, quando o casamento homossexual não só ainda era proibido, como parecia inconcebível a ideia de um dia a união entre dois homens vir a ser reconhecida oficialmente.
Hoje, John Paul e Peter são casados e, a a fim de desafiar a maneira como a fotografia reitera conceitos preconceituosos sobre família e normalidade, John Paul criou o ensaio Till Death Us Do Apart (“Até que a Morte Nos Separe”) – segundo o próprio, uma série de imagens tragicômicas que subverte o significado histórico e cultural dos retratos de casamento.
Além de participar do debate sobre o casamento gay, John Paul tinha um propósito pessoal em mente ao realizar as fotos: a diferença de idade entre ele e Peter, de 27 anos, ofereceu urgência para que pudessem criar alternativas aos velhos conceitos de casal, casamento e família – e, consecutivamente, retratos de família.
Juntos há um quarto de século – o fotógrafo entrou na casa dos 50 anos, e seu marido já alcançou 70 – para John Paul, a certeza de que não conseguirão envelhecer um ao lado do outro traz ainda mais contundência para o ensaio.
Ciente da discrepância visual que o casal imprime – muitas vezes, conta o fotógrafo, foram confundidos como pai e filho – John Paul afirma que o ensaio serve também como memória pessoal. O olhar dos outros sobre o amor dos dois, visto frequentemente com estranheza, faz parte da experiência que os une, e tornou-se elemento do ensaio, a fim de registrar de fato suas experiências vividas.
Todas as fotos © John Paul Evans