Michael Yamashita: uma vida na estrada

Formado em estudos asiáticos, Michael Yamashita misturou suas duas paixões: fotografia e viagens

Quando comecei a fotografar, não tinha intenção de fazer da fotografia o foco de minha vida profissional. Minha curiosidade sobre o mundo e minha paixão pelas viagens aos poucos acabaram se tornando um modo de vida absorvente. Embora eu não tenha dado conta na época, minha carreira começou de fato na faculdade. Quando fui a Londres passar um ano estudando, lá comprei uma moto usada, uma Triumph 650 Bonneville, com a qual, levando só uma mochila e uma Nikon emprestada, resolvi ir à Tunísia. A paisagem exótica e impregnada de luz da África do Norte foi a centelha que ateou o fogo em minha obsessão pelas viagens e pela fotografia.

Após me formar, fui ao Japão, em uma “volta às raízes”, para conhecer um pouco o país de meus avós. Lá comprei minha primeira câmera e me inscrevi em um clube de fotografia em Tóquio, basicamente para conhecer pessoas e melhorar o meu japonês, mas acabei sendo fisgado. Um diretor de arte viu algumas de minhas imagens que eu apresentara no clube e me propôs o meu primeiro trabalho profissional. Isso me permitiu conhecer o resto da Ásia, viver em um veleiro em Cingapura e explorar o mar do sul da China.

Sete anos depois voltei aos Estados Unidos e fui direto a NATIONAL GEOGRAPHIC, onde todo fotógrafo sonha em trabalhar. Saí de lá sem nenhuma promessa, mas carregado de filmes e com a sugestão de que voltasse com uma história. Isso aconteceu há 30 anos e, desde então, tenho retornado a NATIONAL GEOGRAPHIC com novas histórias. A maioria delas reflete minha paixão pelas viagens. Sou fascinado pelos grandes périplos de viajantes famosos, como Marco Polo ou o almirante chinês Zheng He, não só pela aventura mas também pelo desafio de documentar culturas e locais antigos pela óptica de uma lente moderna, ou seja, de contar uma velha história de maneira nova.

Sempre digo que os fotógrafos são pagos para ter sorte, e tive confirmação disso em uma das minhas primeiras viagens, na qual percorri o rio Mekong, da nascente, na China, à foz, no Vietnã. Os povoados e vilarejos no trecho superior do rio haviam estado inacessíveis ao mundo desde a revolução comunista na China, em 1949. Devido à guerra e às circunstâncias políticas, Camboja, Laos e Vietnã também haviam estado fechados, mas em 1989 as tensões começavam a se dissipar, permitindo que eu realizasse uma viagem que nenhum outro fotógrafo havia feito antes. Descendo o rio através de seis países e culturas diferentes, tive a oportunidade de ver um modo de vida ainda intocado pelo turismo e pelo comercialismo. Em termos pessoais, essa experiência também se revelou muito afortunada, pois foi no Vietnã que minha mulher e eu adotamos nossa filha. Em 2000, o que me levou a refazer os passos de Marco Polo para uma série de três artigos era responder à questão colocada pela historiadora Frances Wood no livro Marco Polo Foi à China?. Minha intenção era provar que ele havia ido – ou não – usando como guia o próprio relato do viajante italiano. De fato encontrei e registrei cenas e locais descritos por Polo e que se haviam mantido inalterados desde suas viagens no século 13. Também percorri regiões do Afeganistão e do Iraque antes de terem sido destruídas ou fechadas devido às guerras desencadeadas pelo 11 de Setembro.

Além dos relatos de grandes viagens, adoro aqueles que esclarecem as tradições e o passado. Foi por isso que passei tanto tempo na China, que sempre me reserva muitos desafios e surpresas. Mas estou convencido de que a boa fotografia deve sempre surpreender. Foi isso o que me levou a dedicar mais de um ano à documentação da Grande Muralha. Eu queria ir além do óbvio e do emblemático para desmascarar muitos dos mitos em torno dela e mostrá-la como elemento vivo da história.

No início de minha carreira, eu agarrava todas as propostas de trabalho, em qualquer lugar. Mas, com o tempo, fui me concentrando na Ásia, onde me sinto mais à vontade. Com as mudanças rápidas que vêm ocorrendo ali, fico atento à beleza perene do mundo natural, de modo a mostrar a natureza tal como é e como espero que continue a ser.

Antes de iniciar qualquer projeto, tento compor mentalmente as imagens de uma história. É assim que se estabelece o alicerce da sorte do fotógrafo. É preciso muita pesquisa para saber o que buscar. Logo que tenho a minha “lista de fotos”, me lanço à caça. Às vezes requer horas de caminhada ou longas esperas para que se dissipe a névoa em torno de uma montanha. Talvez seja preciso voltar muitas vezes ao local até obter a luz matinal perfeita ou mesmo esperar por outra estação do ano. Em geral, porém, o segredo do sucesso é saber identificar uma foto mesmo nas situações mais inesperadas.

Cada história adquire vida própria. Uma matéria sobre jardins japoneses virou livro, assim como aquela sobre o rio Mekong. O ensaio sobre Marco Polo tornou-se um livro de grande vendagem e um filme premiado. Em seguida, levou ao artigo, ao livro e ao documentário sobre o almirante Zheng He. Com a foto em película em via de extinção e os constantes avanços científicos, agora os fotógrafos precisam pensar além das páginas da revista ou das paredes da galeria, e explorar os novos meios, as novas tecnologias. Uma coisa, porém, jamais vai mudar: a capacidade de uma fotografia poderosa contar uma história.

Seguindo os passos do poeta japonês Matsuo Bashô, Michael Yamashita teve muitas oportunidades de obter imagens íntimas da natureza

Fotografar o Japão sempre foi uma busca da serenidade da natureza em uma época de grandes mudanças. Azaleias sinuosas fluem graciosamente pelo jardim do templo Daichiji, perto de Kyoto, enquanto chá e bolos são preparados para os visitantes. Um oásis de tranquilidade num país superpovoado, o jardim é um convite à meditação e à quietude da alma.

Mãos amorosas cuidam dos bonsais, árvores minúsculas cujas raízes e ramos foram podados para limitar seu crescimento. O mestre de bonsai Yamada Tomio segura um bordo japonês com 50 anos de idade e que vale milhares de dólares.

No bamba, uma competição típica de Hokaido, animais de tiro puxam trenós, cada qual lastreado com o peso equivalente aos dos cavalos. Arrastando-se em pistas de 200 metros, como esta em Obihiro, os animais têm de vencer duas lombadas. No limite de sua resistência, fazem uma tensa pausa antes do esforço final para superar o último obstáculo.

As formas fantasmagóricas dos barcos utase bune assombram o enevoado mar de Yatsushiro, enquanto pescam camarões, siris e peixes pequenos. Uma quantidade cada vez menor de famílias ainda usa estes barcos de quase 20 metros, projetados para arrastar redes na direção do vento enquanto são impelidos pelas brisas que sopram principalmente do norte. Agora, para complementar a renda, os pescadores também oferecem excursões a turistas.

Reluzente com tijolos novos, um impressionante trecho da muralha em Juyongguan, perto de Pequim, recebe mais de 1 milhão de turistas por ano. Para os conservacionistas, a consequente exploração comercial está colocando em risco um tesouro arqueológico.

Agarrar a cauda com as mãos acelera reunir o rebanho nas planícies da Mongólia Interior. A importância dos cavalos na vida mongol era evidente na corte de Kublai Khan. Marco Polo, um emissário privilegiado, relatou que Kublai certa vez recebeu de presente “mais de 100 mil excelentes e belíssimos cavalos brancos”.

Uma proliferação descontrolada de arranha-céus marca o acelerado crescimento da cidade de Shenzhen, resultado mais típico até agora do experimento chinês de abertura econômica. Hong Kong, o modelo de todas as cidades que brotaram no delta do rio Pérola, no sul da China, pode ser vista à direita, além dos tanques de criação de peixes.

No Grande Festival de Monlam, a tangkhaa sagrada é desdobrada e sua colorida iconografia exibida para admiração dos fiéis tibetanos reunidos no sopé do morro.

 

Brunei
Amanhecer sobre a mesquita do sultão Omar Ali Saifuddin, em Bandar Seri Begawan. Aventurando-se por um mundo de crenças variadas, Zheng He encontrou abrigo espiritual ao visitar este baluarte do Islã.

Camboja
À vontade no rio, as irmãs se banham nas águas quentes e poluídas ao largo da barragem de Phnom Penh. Âncoras e cargueiros enferrujados partilham a beira do rio com discotecas e hotéis de luxo. Com mais de 2 milhões de habitantes, a capital do Camboja é a maior cidade às margens do rio Mekong.

Bombas de fumaça, ruídos de artilharia e disparos de atiradores de elite simulam uma batalha enquanto paramédicos treinam a evacuação de um soldado sob a cerca de arame farpado. Segundo um oficial americano, “treinamos no mesmo terreno em que vamos lutar. E não vão ser necessários dois dias para estarmos prontos”. Se convocados, diz ele, “podemos entrar em combate hoje à noite”.

Irã
As variações climáticas extremas atormentaram Marco Polo – assim como Mike Yamashita – quando se aproximou do golfo Pérsico. Após cruzar gélidos desfiladeiros de 250 metros, ele enfrentou um “enorme calor” e avistou muçulmanos de pele escura, entre os quais uma mulher com véu em Minab.

Colaborador regular da National Geographic desde 1979, o norte-americano descendente de japoneses Michael Yamashita fez a maioria dos seus ensaios na Ásia. Mas também cobriu regiões como Somália e Sudão, Inglaterra e Irlanda.viajeaqui

A senhora de 100 anos que deu uma lição de vida ao bater recorde mundial de corrida

A corrida é, para muitos, sinônimo de força e superação. Pois para uma senhora de 100 anos não foi diferente. Ida Keeling, natural dos Estados Unidos, acaba de bater o recorde mundial de 100 metros de corrida na categoria 100+, ao completar a prova em 1’17”.
 
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Ida começou a correr tarde, aos 67 anos, para superar a morte de dois dos seus quatro filhos. Sua primeira prova foi uma de 5k, no Brooklyn, onde descobriu que o esporte lhe proporcionava alívio. “Eu coloquei para fora todas as más recordações e todo o stress”, disse a corredora.

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Hoje, Ida treina diariamente com Shelley, a filha que a incentivou a se inscrever naquela prova de 5k, além de manter uma alimentação regrada, que inclui pouquíssima carne e doces.“Fico feliz por ela ser inspiração e exemplo, não só para os jovens, mas para as pessoas de sua idade”, contou Shelley.

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Quando perguntada se teria um conselho para dar, Ida diz: “Levante e faça as coisas, mesmo se você não estiver com vontade.”. E completa: “Às vezes você não sente vontade de fazer isto ou aquilo. Então faça a coisa que você não gosta de fazer em primeiro lugar e assim você irá se livrar dela.”.

Um belo exemplo de que nunca é tarde para começar!

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Todas as fotos © Divulgação

Conheça o Café com Gato, o primeiro cat café do Brasil

Se propagando por toda a Europa, os Cat Cafés são estabelecimentos que funcionam como uma cafeteria, mas possuem uma característica que faz toda a diferença: gatos circulando entre os clientes. Em Sorocaba, São Paulo, temos algo parecido com isso, o Café com Gato, primeiro cat café do Brasil.

O amor pelos felinos acompanha a empresária Fabiana Ribeiro desde a infância, quando ela e o irmão levavam gatos vira-latas para casa, que eram recusados pelo pai dela. Depois de ouvir uma porção de nãos, teve um gato que conseguiu entrar na família, o Frederico. Após sua morte em 2006, outros tantos cruzaram o seu caminho e ela se viu apaixonada pelos bichos.

Com essa alma de cat lover, não poderia dar em outra coisa a não ser um café repleto de 10 gatos: Chocolate (Maine Coon), Milk (Sphynx), Mocaccino (Ragdoll), Capuccino, Canela (SRD), Chantilly (Persa), Canela (SRD), Vanilla (American Shorthair) e Bombom, uma SRD especial que é paraplégica e posou lindamente para a foto abaixo.

Fabiana mantém ainda outros seis felinos em casa, a maioria vira-latas. A ideia de abrir a cafeteria veio logo após um episódio curioso: na empresa que trabalhava havia uma gata resgatada, a Neguinha. Quando deixou de ir a uma reunião para levar a mascote no veterinário, por uma emergência, recebeu o insight que mudou sua vida. “Já estava infeliz com aquela rotina de emprego e foi durante o tratamento da Neguinha que eu pensei que se eu gosto tanto de gato, deveria fazer alguma coisa que os envolvesse”, disse.

Mas, a vigilância sanitária brasileira não permite quaisquer animais em ambientes onde há comida e esse é o principal fator que impede os cat cafés no país. “Um dia eu estava comendo num restaurante e lá tinha um aquário, então pensei em fazer exatamente isso, só que sem peixes”.

Depois de vender sua própria casa, seu carro e fazer empréstimos, a cafeteria foi aberta no dia 8 de maio de 2014 depois de uma longa trajetória atrás do lugar perfeito para acomodar os clientes e os animais, incluindo o tal aquário, um vidro onde os clientes assistem o que eles estão fazendo. O local tem bastante espaço e dá acesso a um quintal, onde os gatos circulam tranquilamente. Ali eles passam o dia brincando, dormindo e fazendo charme.

Com essa paixão toda, porém, ela não permite que os clientes cheguem até os felinos, e justifica: “Não mudo essa postura primeiro porque penso no bem-estar dos gatos. Também nunca estive nos cafés do exterior, mas eles não permitem a entrada de crianças e aqui acho que isso não seria legal, elas gostam muito de ver.”

Ela ainda explica que muitas coisas não acontecem quando nós queremos e sim quando os gatos querem. Muitas pessoas entendem essa lógica, mas nem todas, então poderia causar situações constrangedoras, uma série de problemas e até mesmo processos ao estabelecimento caso o animal, por exemplo, arranhasse alguém.

Nos cat cafés internacionais há regras que também não permitem que os clientes se aproximem, embora os gatos circulem livremente. Não pode fazer acordá-los, fazer carinho ou alimentá-los sem que os mesmos te procurem. É importante não colocar os bichos em ambientes estressantes ou desconfortáveis, então cabe a nós esta reflexão.

Para quem tem medo, repulsa ou qualquer coisa do tipo com gatos, aconselho o passeio. Como não há contato direto com os animais, dá para observar seu comportamento e, quem sabe, se apaixonar por eles, que são bem sociáveis. Se for o caso, Fabiana permite que a graciosa Sphynx Milk se aproxime do cliente que estiver disposto a amar os felinos.

Outra coisa bacana é participar do sorteio da Yoga com Gatos, que funciona da seguinte maneira: a cada R$ 30 em compras você ganha um cupom para concorrer a uma aula de ioga na companhia dos gatinhos. O próximo acontece no dia 7 de maio, com aula dia 14, mas vale a pena acompanhar a programação pela página do Facebook.

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Foto: divulgação/Studio Maryoga

O café também está dando seus primeiros passos para se tornar uma franquia. A gateira assídua tem um amor tão grande pelos bichos que seu marido brinca que ela só abriu o cat café para poder acolher ainda mais gatos. Pelo o que eu vi, essa é uma verdade incontestável.

O cardápio é hi-tech: clientes fazem seus pedidos por um tablet, além de avaliarem o local e conferirem a agenda

Opções de pão de queijo recheado constam no menu. Esse é de peito de peru com queijo Minas. Hmmm!

Chocolate cremoso, boa pedida para os dias frios

Mesa ao lado do aquário

 

 

A SRD Canela. A pelagem, conhecida como “escaminha”, é bastante comum e por incrível que pareça torna os gatos rejeitados em abrigos por serem considerados “feios”

Milk

Pingado e Chantilly

 

 

Fabiana e Bombom: adoção especial de uma gatinha paraplégica

 

Chocolate: dentinhos afiados! Mas é só brincadeira…

Cappuccino

Lojinha dentro do café com produtos para felinos e cat lovers

 

 

 


Todas as fotos © Brunella Nunes

Registros da vida do leão Cecil, ‘mártir’ da luta pela preservação da espécie, viram livro infantil

Todos lembram do leão Cecil, que foi morto ilegalmente por um dentista norte-americano no Zimbábue, após ser atraído para fora de um parque e abatido com flechadas e tiros pelo boçal ser humano. Ainda que a prática seja lamentavelmente comum na África, a criminosa morte de Cecil atraiu os olhares do mundo todo. Passado um ano, uma família decidiu voltar seu olhar não para a morte, mas para a vida de Cecil – e contar a história desse leão em um livro infantil.

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Junto de suas duas filhas, Juliana e Isabella, o escritor Craig Hatkoff procurou os especialistas do Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, para saber mais esse leão tão especial. Junto do “biógrafo” de Cecil, o pesquisador Brent Stapelkamp – que cuidou de Cecil por nove anos – Hatkoff descobriu não só uma história incrível, como lindas imagens registradas por Brent do leão junto com seu grupo.

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A história mais incrível descoberta foi a relação entre Cecil e Jericho, um outro leão macho que, no lugar de brigarem para ver quem seria o líder do grupo, resolveram trabalhar juntos, liderando os outros leões e leoas em parceria.

Cecil e Jericho

Cecil e Jericho

Após a morte de Cecil, os pesquisadores preocuparam-se com a hipótese de Jericho abandonar ou mesmo atacar o grupo, mas o que aconteceu foi justamente o contrário: ainda que não seja parente daqueles leões agora órfãos, Jericho segue liderando-os e cuidando do grupo, como que em memória de seu amigo Cecil.

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Para Harkoff e suas filhas, a ideia é que o livro mantenha viva a história desse verdadeiro “Rei Leão” para, quem sabe, conscientizar gerações vindouras do absurdo que é a caça a esses animais majestosos.

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© fotos: divulgação

Fotos de animais ameaçados de extinção – Parte 2

 Tubarão-baleia (Rhincodon typus)

O tubarão-baleia (Rhincodon typus) é o maior peixe do mundo. Pode chegar a 14 metros de comprimento e 20 toneladas. Aparentemente a população da espécie começou a diminuir devido à pesca de arpão realizada no Sudeste Asiático e, talvez, por capturas acidentais em pesca com redes. Recentemente o interesse por mergulhos com tubarões-baleia selvagens está crescendo e é uma alternativa para a conservação da espécie.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

A lista vermelha das espécies ameaçadas é elaborada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês). Através de pesquisas científicas para determinar o risco de extinção de taxons em geral, a lista se tornou referência mundial para a consulta do status de uma espécie.

As categorias criticamente ameaçado, ameaçado e vulnerável levam em conta a diminuição da população nos últimos 10 anos, diminuição da área de ocorrência, diminuição da área de ocupação, população estimada de indivíduos adultos e probabilidade de extinção na natureza.Confira as categorias e os critérios da lista vermelha das espécies ameaçadas da IUCN.

 Rinoceronte-negro (Diceros bicornis)

De desertos a florestas, o rinoceronte-negro (Diceros bicornis) pode sobreviver em habitats totalmente diferentes. O animal prefere as savanas africanas, onde se alimenta de folhas de acácias e plantas herbáceas. Os chifres dos animais – feitos de queratina (mesma substância encontrada em nossas unhas) – são utilizados na medicina chinesa para o tratamento de doenças, incluindo o câncer. A população da espécie sofreu uma redução de 98% entre 1960 e 1995 devido à caça ilegal para abastecer esse mercado mesmo sem estudos que comprovem a eficácia do tratamento.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Sapo-dourado-do-panamá (Atelopus zeteki)

Encontrado somente em florestas tropicais de montanha do panamá, o sapo-dourado-do-panamá (Atelopus zeteki) possui uma toxina capaz de matar pequenos vertebrados e pode causar irritações dolorosas em humanos. Suas cores vibrantes servem de aviso para predadores se manterem distantes. A população da espécie sofreu uma queda de 80% na última década devido a quitridiomicose, uma doença causada por um fungo (Batrachochytrium dendrobatidis) que adere na pele, causa lesões graves e levam os animais a morte. Outros anfíbios também sofrem com essa epidemia que pode estar relacionada com o aquecimento global.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Calau-de-pescoço-ruivo (Aceros nipalensis)

Encontrado no Sudeste Asiático, o calau-de-pescoço-ruivo (Aceros nipalensis) pode realizar migrações sazonais entre áreas de florestas em busca de uma maior abundância de frutos. A ave depende de árvores de grande porte para construir o ninho e o desmatamento segue como a principal ameaça. A caça para o consumo da carne e o tráfico de animais também contribuem para que a população siga diminuindo.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Lobo-marinho-de-Galápagos---Fábio-Paschoal

O lobo-marinho-de-galápagos (Arctocephalus galapagoensis) pode ser reconhecido pelos seus grandes olhos, uma adaptação para caçar peixes e lulas à noite. Assim evita predadores e não compete com o leão-marinho por alimento. Encontrado exclusivamente no arquipélago, sofre com a elevação da temperatura, evento associado ao El Niño, que causa o declínio da produtividade nos mares de Galápagos e, consequentemente, diminuição do alimento para os lobos-marinhos. Doenças transmitidas por animais domésticos também são sérias ameaças.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

 Ocapi (Okapia johnstoni)

Limitado a florestas entre 500 e 1.500 metros de altitude, o ocapi (Okapia johnstoni) pertence à família da girafa. Sua alimentação é composta de mais 100 espécies de plantas, mas, apesar dessa variedade, o desmatamento – realizado por madeireiras e ocupações humanas (algumas ilegais, dentro de áreas protegidas) – colocou a espécie na lista vermelha de animais ameaçados de extinção. Em 24 anos houve uma redução de 50% na população da espécie.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

 Um contemplativo muriqui na Mata do Sossego, em Simonésia, Minas Gerais.

O maior primata das Américas só é encontrado na Mata Atlântica. O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) se alimenta de frutos, atua como dispersor de sementes de diferentes espécies de plantas e é essencial para manter a diversidade da floresta. Infelizmente o desmatamento e a caça por esporte ou alimento colocam a espécie em perigo.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Águia-das-filipinas (Pithecophaga jefferyi)

Ameaçada pelo desmatamento e pela caça ilegal, a águia-das-filipinas (Pithecophaga jefferyi) é uma das aves de rapina mais raras do mundo. Desde 1970 existe um esforço para preservar esses animais. Leis contra a caça, proteção dos ninhos, campanhas de sensibilização e programas de criação em cativeiro tentam salvar a espécie.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Lóris são primatas adaptados à vida noturna. A luz, dependendo da intensidade, pode cegá-los

Os lóris (Nycticebus sp.) são os únicos primatas venenosos do mundo (uma mordida é capaz de matar um homem adulto). Encontrados somente na Ásia, são extremamente bem adaptados à vida noturna: possuem grandes olhos e andam lentamente pelos galhos das árvores para não atrair a atenção de presas e predadores. O desmatamento, a medicina tradicional (que utiliza os primatas para o tratamento de doenças nos países onde são encontrados) e o tráfico de animais colocam todas as espécies de lóris em perigo.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): a maioria se encontra na categoria vulnerável, mas a espécie Nycticebus javanicus está criticamente ameaçada

 Albatroz-das-galápagos (Phoebastria irrorata)

Com 2,35 metros de envergadura o albatroz-de-galápagos (Phoebastria irrorata) é a maior ave encontrada no arquipélago. Na Ilha de Española, entre o final de março e começo de dezembro, os casais se reúnem para terem seus filhotes. Pescam em alto mar e podem cair no espinhel (longa linha contendo vários anzóis) de pescadores, o que faz com que a população da espécie venha diminuindo.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Leopardo-das-neves (Panthera uncia)

Acostumado a baixas temperaturas, grandes altitudes e terrenos áridos, o leopardo-das-neves (Panthera uncia) é encontrado nas montanhas e penhascos no centro da Ásia. Conflitos com pessoas, tráfico de animais e uma queda na quantidade de presas são as principais ameaças enfrentadas pela espécie.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

 Tatu-canastra (Priodontes maximus)

Podendo chegar a 50 quilos e medir 1,2 metro de comprimento,  o tatu-canastra (Priodontes maximus) é o maior membro de sua família (Dasypodidae). Possui garras enormes que usa para cavar buracos em busca de formigas, cupins.  A espécie é visada por caçadores devido ao seu grande porte. O desmatamento é outra ameaça ao mamífero.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Biguá-de-galápagos (Phalacrocorax harrisi)

As ilhas de Galápagos se encontram a mais de 900 quilômetros do continente, formadas por vulcões há cinco milhões de anos atrás. Durante esse tempo várias aves vindas do continente chegaram  ao arquipélago. Entre elas estavam os biguás-de-galápagos (Phalacrocorax harrisi). Eles mergulhavam para pegar seu alimento e nenhum mamífero que poderia ameaçá-los conseguiu colonizar as ilhas. Seus ancestrais não precisavam das asas para impulsioná-los na água, já que todos os biguás utilizam os pés para isso. Enquanto uma geração sucedia a outra, sem voar sequer uma vez, suas asas foram encolhendo. Hoje, as asas que os biguás-de-galápagos abrem para secar após uma pescaria são tão pequenas que certamente não os sustentariam no ar.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus)

O pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) é encontrado em ecossistemas ambientalmente equilibrados do Cerrado, em especial aqueles em que há cursos d’água limpos e transparentes, a ave sofre com a poluição dos rios, a expansão da agricultura e a construção de hidrelétricas.Status na  IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie criticamente ameaçada

 Pantera-nebulosa (Neofelis nebulosa)

Rosetas em forma de nuvens irregulares espalhadas pelo corpo batizaram a pantera-nebulosa (Neofelis nebulosa). Com até 1,1 metro de comprimento é o menor dos grandes felinos, mas sua habilidade de escalada rivaliza com a de muitos gatos pequenos. Caça macacos, aves, porcos-espinhos e veados. É encontrado em florestas densas no Sudeste Asiático, habitat com uma das mais altas taxas de desmatamento no mundo. O felino também é alvo do tráfico de animais. A pele é vendida para a confecção de casacos, ossos para a fabricação de remédios, a carne é consumida em pratos exóticos e indivíduos vivos são negociados como animais de estimação.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Leão-marinho-de-galápagos (Zalophus wollebaeki)

O maior animal achado nas areias de Galápagos é o leão-marinho-de-galápagos (Zalophus wollebaeki). Durante a temporada de acasalamento o macho dominante patrulha a praia e espanta qualquer concorrente que tente tomar o seu posto. As mães assistem tudo tranquilamente, enquanto cuidam de seus filhotes. Alimentam-se basicamente de sardinhas e podem sofrer com eventos causados pelo El Niño, que diminui drasticamente o número de suas presas, fazendo com que vários filhotes morram de fome.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

 Leão (Panthera leo)

Os leões (Panthera leo) são os mais sociais de todos os felinos. Fêmeas da mesma família formam bandos, enquanto os machos se unem em coalizações para tentar conquistar um bando. Caçam de forma cooperativa e podem derrubar presas grandes, como girafas, búfalos, hipopótamos e até elefantes. Mas também se alimentam de animais de pequeno porte e, em situações de desespero, podem comer carniça. São caçados em retaliação pela morte de pessoas e do gado na África. Seus ossos também podem ser vendidos para a fabricação de medicamentos. Eles entram como substitutos dos ossos de tigre que se tornam cada vez mais raros.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Araponga (Procnias nudicollis)

A araponga (Procnias nudicollis) também é conhecida como ferreiro, porque possui um canto que se assemelha ao som de um martelo batendo em uma bigorna. Por causa disso ela é visada por traficantes de aves.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie vulnerável

 Pinguim-de-galápagos

Em Galápagos está o único pinguim encontrado no Hemisfério Norte, o pinguim-de-galápagos (Spheniscus mendiculus). Apesar de serem extremamente desajeitados em terra, parecem estar voando como foguetes enquanto perseguem cardumes de peixes. A pesca predatória, a introdução de animais domésticos, que podem caçar as aves ou transmitir doenças, e eventos relacionados ao El Niño, que aumenta a temperatura dos oceanos e diminui a quantidade de alimento disponível, são as grandes ameaças.Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

 Macaco-aranha-de-cara-branca

Restrito aos estados de Mato Grosso e do Pará, o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus) enfrenta o desmatamento, especialmente no norte do Mato Grosso, na região do arco do desmatamento, onde grandes áreas estão sendo estabelecidas para a plantação de soja. Seu habitat é cortado por grandes estradas, como a Transamazônica. As populações acabam ficando isoladas, já que é muito raro um macaco-aranha andar pelo chão. Status na IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês): espécie ameaçada

Fotos: Fábio Paschoal